quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Jesus, O Criador de Fontes

PREGAÇÃO: Trecho do Sermão pregado no VII CONGRESSO DE JOVENS DA IEADV

Sl 104.10-13


INTRODUÇÃO


O poeta salmista nos mostra à criação de todos os seres viventes. Arrebata-nos a origem do mundo, para que a glória de Deus se torne visíveis aos olhos humanos.


Reconhecer a grandeza de Deus é reconhecer nossa pequenez. Esse processo é, de fato, se alegrar no Eterno, pois Ele é a única grandeza em nós. O salmo 104 é um dos pontos mais altos da expressão poética do Antigo Testamento, é todo escrito em forma de imagens poéticas. Os versos 10 ao 13 descreve imagens poetizadas, transmitindo verdades eternas, fazendo com que relembremos a origem de toda a criação. Estes versos nos levam a um Deus Criador, Arquiteto, Conservador, Provedor e Cuidadoso. Relata-nos a harmonia da vida, e a sua soberania em relação à vida “bios”


Ao alimentar-nos de tão puro alimento espiritual, lembramo-nos de Deus, nosso sustentador, que nos concede a graça de respirar e continuar a respirar, porém o homem com sua natureza caída não pode entender os mistérios da grandeza divina e desviou-se da vontade de Deus, esquecendo-se do principio, da origem da Vida. Porém hoje pela graça de Deus o Senhor nos oportuna a voltar aos Antigos Escritos e nos saciarmos com o farto alimento primeiro. Relembrar a criação é reconhecer que somos criaturas e temos uma origem, e sem dúvidas temos uma origem de vida espiritual.


I. A ORIGEM DA VIDA


“fazes rebentar nascentes”: A vida começa no realizar, começa com o fazer. “fazes”. O Senhor faz nascer fontes. Ele cria um meio que “cria continuamente” para dar manutenção a vida. As fontes são lugares criadores, onde surge algo novo continuamente, é a mesma produção, com as mesmas características, sem alterações, mas sempre a mesma coisa. A criação do senhor sempre é nova, porém ao mesmo tempo antiga. A novidade em Cristo se faz pelo mistério da criação. Sempre há água nova, mas sempre é a mesma água. Sempre há água nova, mas sempre vindo da mesma fonte, da mesma nascente, do mesmo lugar. A fonte não muda. A água não muda. O salmista nos convida a olhar o surgimento dessas fontes, a ver a hora criadora desses lugares antigos (Jr 6.16; 18.15).


Tales de Mileto, um dos primeiros filósofos dizia que a água era a realidade fundamental, dizia que todas as coisas do mundo se mostram em três estados fundamentais: Sólido, líquido e gasoso. Para Tales tudo é água. Para ele a água é a unidade de todas as coisas.


Na biologia ao levar em consideração que a água é o componente químico mais abundante da matéria viva, pode-se dizer que é o solvente universal. A água é extremamente importante para a vida humana atuando como solvente de líquidos corpóreos, meio de transportes de moléculas, regulação térmica, ação lubrificante, atuação nas reações de hidrólise, matéria prima para a realização da fotossíntese. Um feto de 3 meses apresenta cerca de 94% de água e um recém nascido cerca de 70%. O homem, os seres vivos precisam da água para sobreviver.


A água é essencial para que haja vida, é um recurso natural de valor inestimável. Na terra há cerca de 1 360 000 000 km³ de água que se distribuem da seguinte forma: 1 320 000 000 km³ (97%) são água do mar. 40 000 000 km³ (3%) são água doce. 25 000 000 km³ (1,8%) como gelo .13 000 000 km³ (0,96%) como água subterrânea. 250 000 km³ (0,02%) em lagos e rios 13 000 km³ (0,001%) como vapor de água.


Faz-se notar a importância da água para nossa vida biológica. Os israelitas que saíram do Egito, um local de raras chuvas, e viajando pelo deserto, davam grande importância a água por ser tão escassa. Este fato leva-nos ao Novo Testamento a festa de Sucot que significa festa dos tabernáculos.


No Evangelho de São João Capitulo sete, Jesus nos diz: “Se alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crê em mim rios de água viva correrão de seu ventre.” Consultar (Jo 7.37-39), alguns, dos presentes na festa, disseram: “esse é o profeta” (eles entenderam a mensagem).


Correr rios de água viva é sinal que cremos nele. A Enciclopédia judaica diz que havia algo diferente na rotina do templo. No serviço matutino os sacerdotes caminhavam ao tanque de shiloar, retiravam a água, davam voltas ao redor do altar, e adicionavam a água a alibação do sacrifício. A alibação era composta por vinho. Esse vinho era derramado sobre o sacrifício, nos dias normais. Mas nos dias de sucot era adicionada a água que simbolizava a alegria da festa de sucot. O shiloar era um duto de água de meio quilometro construído pelo rei Salomão, esse duto culminava num tanque, e era exatamente deste tanque que os sacerdotes retiravam a água, que utilizavam nas celebrações matutinas de sucot. Era um tanque que alimentado por água corrente. O talmud relata que ao retirar a água do tanque de shiloar, os sacerdotes caminhavam cantando algumas passagens bíblicas, dentre elas estavam à passagem de Is 12.3. Isaias 12 é um capitulo bem pequeno que fala sobre a salvação de Israel.
Na festa de sucot o povo cantava a presença da salvação no meio deles, e a água era exatamente o símbolo dessa salvação.
A CENA: a procissão de sacerdotes caminhava com a água da alibação e o povo acompanhava atrás, cantando: “Eis que Deus é a minha salvação” , derrepente Jesus para olha para a multidão e proclama: “Se alguém tem sede vem a mim e beba”. O que ele estava dizendo? Que esta água de salvação estava nele, ele estava dizendo o dia chegou eu sou o eterno tabernaculando no meio de vós, venham a mim e recebam a salvação. É por isso que os fariseus queriam prende-lo por que eles entendiam o tamanho da implicação que Jesus estava dizendo. Se Isaias 12 falava da presença do eterno no meio deles e isso era simbolizado pelas águas da salvação, então Jesus estava dizendo que Ele era o eterno salvador no meio do povo.


Acreditava-se que shiloar ficava no centro da terra de Israel, as águas de shiloar fluíam do centro da terra de Israel para purificar toda a nação, através deste cerimonial que era feito nos dias da festa de tabernaculos. Isso explica o por que Jesus disse que rios de água viva correriam de dentro de nosso ventre, do meio de nosso corpo, o ventre fica no centro do corpo. Assim como shiloar purificava Israel com uma fonte constante de águas para o serviço no templo, assim também a presença dele em nossas vidas nos purificaria continuamente. Esses são uns dos sinais dos verdadeiros seguidores de Cristo. Você tem sido purificado continuamente por Jesus? A água corrente à medida que ela passa vai tornando mais limpo aquilo que atinge, assim também deve ser com nossas vidas, à medida que buscamos Jesus nossa vida deve tornar-se mais e mais limpa, se ela tem permanecido turva algo está errado. Temos que avaliar se estamos seguindo a Jesus de forma correta.


Shiloar vem da mesma raiz da palavra Shalia que no hebraico significa: emisário. Essa palavra se refere certamente ao duto de água que havia sido construído, ele era um emissário de águas. E assim como esse duto percorria uma grande extensão de terra, e fornecia a água para a purificação, assim também a nossa função como shilerrim de Jesus, emissário de Jesus é conduzirmos a palavra de Jesus para purificação.


A expressão água viva não é uma expressão exotérica como muitos entendem, a expressão tanto no hebraico, como no aramaico significa apenas água corrente, água viva é uma água que não está parada. Qual a importância da água viva? A água corrente tem um auto-poder de purificação, é conhecida como solvente universal, a água corrente purifica tudo aquilo que ela toca, segundo os sábios antigos apenas um filete de água tinha o poder de purificar, se um filete tem este poder imagine então rios de água viva, que é o que promete Jesus. Um rio não purifica aquilo que está apenas no seu curso, um rio jorra pelas margens, um rio não lava só o seu interior, mas ele lava também aquilo que está ao seu redor.


Se temos de fato Jesus como nossa fonte, como o nosso shiloar, então o nosso grau de santidade se tornará tamanho que transbordaremos com o poder de purificação de Jesus, e seremos capazes de purificar aquilo que está ao nosso redor. Assim como o povo vinha alegre retirar águas de shiloar, assim o verdadeiro seguidor de Jesus atrairá outros pelos seus frutos, quando isso ocorrer lembre-se que você é um shalier, não guarde essa água para si.


A água simboliza adoração verdadeira. Por que se bebe o vinho? Por que a cor é chamativa, o aroma é agradável e o sabor é suave, as pessoas bebem o vinho por essas características.
A água não tem cheiro, nem cor, nem sabor. Assim como acontece com vinho nós podemos buscar o Eterno por interesses em bênçãos, na cura e no poder, mas ele quer a água, ele quer de nós a adoração verdadeira.


Apesar de o vinho proporcionar um prazer imediato, somente a água é capaz de matar a nossa sede, todos nós temos sede de Deus, somente tendo a fonte, Jesus cristo em nossa vida é que podemos saciar a nossa sede. Quando Jesus vive em nós começamos a buscar o eterno desinteressadamente, somente por amor a ele.


Diz o salmista “fazes brotar fontes nos vales”. Vales são os lugares da terra em depressão. Pois as colinas e montanhas se contrapõem aos vales. Colinas e montanhas são as elevações da terra; vales são as depressões. Não desprezes os lugares baixos; ali brotam as fontes. Escuta como fala um monte; diz o apostolo: “Trabalhei mais do que todos eles”. Fala de certa grandeza; imediatamente, porém, a fim de que brotem as águas, apresenta-se como um vale: “não eu mais a graça de Deus que está comigo” (1Cor 15.10). Não é paradoxo asseverar que os montes são também vales.
São denominados montes em vista de sua grandeza espiritual e vales por causa de sua humildade de espírito. “não eu” trata-se do vale; mas “a graça de Deus que está comigo”, é a fonte. “fazes brotar fontes no vale.” “Do seu ventre correrão rios de água viva”. Vejamos se são vales, de tal sorte que brotem fontes nos vales. Ouve o que diz o profeta: “sobre quem repousará o meu Espírito, senão sobre o humilde e quieto, sobre aquele que treme diante da minha palavra?” (Is 66.2). O que significa “Sobre quem repousará o meu espírito?” Quem terá a minha fonte? O vale.


II. OS LIMITES DA VIDA


“Correm entre os montes”
“entre as montanhas deslizarão as águas”? Ouvimos a explicação de que montes são os grandes pregadores da palavra, sublimes mensageiros de Deus, embora ainda na carne mortal. São excelsos não por sua virtude, mas pela graça de Deus. Em si mesmos são vales, e humildemente neles brotam as fontes.


“Entre as montanhas deslizarão as águas”. Entre os apóstolos passaram os pregadores da palavra da verdade. Que significa: No meio dos apóstolos? O que é intermediário é comum a dois. Um bem intermediário é um bem comum.


O que significa entre si? “no meio deles”. Que quer dizer? É comum a todos eles. Escuta as águas no meio dos montes. Ninguém considerava as águas próprias suas. Escuta o próprio monte: “por conseguinte, tanto eu como eles, eis o que pregamos. Eis também o que acreditastes” ( 1Co 15.11). Se alguém quisesse pregar algo diferente pregaria o que era ‘seu pensamento’ e não o que havia no meio deles. Escute “Quando ele mente fala do que é próprio” (Jô 8.44). Disse o apostolo: “Se alguém vos anunciar um evangelho diferente do que recebestes, seja anátema”. Temos que receber sempre a mesma água. As águas têm que correr no meio dos montes. Paulo anuncia “ainda que nós mesmos ou um anjo do céu anunciar um evangelho diferente do que recebestes, seja anátema”. (Gl 1.9 e 8). Devemos receber água genuína, sem lodo. Se o homem sempre tivesse bebido dessa água pura viveria para sempre.


Aproximou-se um anjo que caíra do céu, que se tornara serpente, por que desejava insidiosamente inocular seu veneno. Inoculou, falou o que era o “seu pensamento”, por que quando ele mente fala do que lhe é próprio.
Que águas corram pelo meio de nós.
O que é nascente? Manancial.
O amor de Deus (conteúdo) foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (canal) (Rm 5.5).
Não derrames pela rua o teu manancial.(PR 5.16)
“Se alguém tem sede venha a mim e beba.”
“quem crê em mim rios de água viva correrão de seu ventre.” Consultar (Jo 7.37-39)


III.O ALCANCE DA VIDA
“Dão de beber a todos”
“delas beberão todos os animais do campo”. De onde beberão? Das águas que deslizam entre as montanhas. De que se desalterarão? Das fontes que brotam nos vales. Que animais hão de beber? Os animais do campo.


Os animais do campo bebem das fontes e dos rios que correm entre as montanhas. Entendemos que animais do campo são os gentios; muitas passagens da escritura o atestam. Na arca de Noé, que indubitavelmente figurava a Igreja, não seriam encerrados todos os gêneros de animais (Gn 7.2-14), senão para significar, na unidade do agregado, todas as gentes.


No dia de pentecostes, ocasião oportuna para que se cumprisse na Igreja o que era prefigurado na arca, Pedro, hesitando em dar a ordenança evangélica do batismo aos gentios incircuncisos; ou antes não hesitando, mas opinando que absolutamente não devia ser dado, certo dia em que quis comer por estar com fome, subiu ao terraço para orar. Todos os que lêem atentamente ou ouvem bem a Sagrada Escritura sabem que isso se encontra nos Atos dos Apóstolos. Enquanto orava, adveio-lhe aquele arroubo de espírito que os gregos chamam de êxtase. Então viu certo objeto, uma espécie de toalha, presa pelas quatro pontas, descer do céu. Dentro havia de todos os animais, de todas as espécies de feras; e ele ouviu uma voz: “Pedro, imola e come”. Ele, contudo, que fora instruído pela lei, crescera entre os preceitos judaicos, e observava os mandamentos de Deus, promulgados através de Moises, tendo-os guardado fielmente por toda sua vida, respondeu: “De modo nenhum, Senhor! Por que jamais comi coisa profana e impura!”. Estão bem cientes, os que aprenderam as ciências eclesiásticas de que os judeus e a lei chamavam alguns alimentos de profanos e imundos. E a voz replicou-lhe: “Não chames impuro o que Deus declarou puro”. Isso se deu por três vezes. E foi recolhido aquele objeto vindo do céu por três vezes. (At 10.9-16).


O prato dentro da toalha de quatro pontas representava as quatro partes da terra. E assim foram escritos quatro evangelhos. O objeto que desceu do céu significa o que foi dito aos apóstolos (MT 28.19), daí já se deduz o número de discípulos: doze. Não foi sem razão que Jesus queria ter doze. 4 x 3 = 12. Por isso que das águas do campo bebem todos os animais. Todos estavam na arca, todos no prato, e Pedro mata e come todos. Por que Pedro é pedra, é monte. Pedra é igreja, monte é igreja. Que é matar e comer? Matar o que eles eram, era batizar, os fazer morrerem para o mundo, era inferi-los, matar o que eles eram incorporando-os a igreja.

Nenhum comentário: